31.7.12

Ciao Venezia (2)!

No alto, eu e meu amigo Gustavo, mascarados! No detalhe, o 'mascarado',
personagem da novela 'A Viagem' exibida pela Rede Globo em 1994.
(...confesso que estou muito noveleiro neste post!).

Blog cheio de poeira, teias de aranha... Vergonhoso! Mas por aqui é verão, um calor insuportável e as mudanças na minha vida seguem a todo vapor. Eu sei que vocês me perdoam! Está muito difícil me dedicar ao blog do jeito que gosto. Demoro a vir, mas quando venho, deixo um post bem especial. Aproveitei o verão para viajar um pouco e voltar em uma das minhas cidades favoritas na Itália: Veneza! Quem já foi lá, entende o 'espírito veneziano' que mostrarei aqui. E quem ainda não teve a oportunidade de conhecê-la, fica aqui o meu convite, meu texto e minhas imagens transbordando 'venezianità'. Um lugar realmente muito especial, único no mundo! Vêm comigo na gôndola (...Opa! Com calma, senão ela vira!!) - Vamos dar uma voltinha pela bella Venezia...

...e a primeira vez em Veneza
a gente nunca esquece!

E a primeira vez que pisei por lá foi em 2010, no outono,
 na super companhia de Juliana Pan, visitando a Bienal...

Olhem a Ju aí, de Dubai diretamente para Veneza...

Junte à Veneza uma amizade de quase 20 anos e um céu muito azul... Diversão na certa! Estive em Veneza com o Gustavo, um grande amigo dos meus tempos da escola. Foi a primeira vez dele na cidade... (...cada minuto era um flash!). E não sei porque, mas Veneza me faz pensar na vida... Talvez por ter sido o 'palco' das minhas gerações passadas... Gosto de parar e ficar olhando pra ela, imaginando como deve ter sido viver naquele lugar quando ainda não existia esse boom turístico. Arquitetonicamente falando, é de cair o queixo. Você se pergunta a todo tempo: Como? - Como construíram isso? Como trouxeram todo esse material de construção até aqui? Como conseguiram chegar nesta altura, com essa perfeição? ...como esse lugar é lindo.

Veneza tem vida...
Cor própria!

Tons de terracota, verde musgo, oliva...
Verde água, turquesa, azul petróleo...

 Tons de azul, cinza, dourado... E eu, como sempre,
sem me separar do meu material de desenho nas viagens...

 Veneza tem também:
...mistééééério!

Saudosa Dona Milú (...de onde eu desenterrei isso?) da novela
 Tieta tinha toda a razão! O que não falta é mistééério em Veneza.

...vai dizer que não tem curiosidade de saber quem
conviveu com essas paredes centenárias no passado?

e por trás das máscaras...

Momento de pausa para uma cervejinha olhando
 esta paisagem lindíssima, sem máscara... Veneza 40°C!

Tem mistério mesmo. É só se afastar do eixo turístico e 'mergulhar' nas vielas estreitas mais residenciais para sentir um silêncio absoluto: roupas balançando com o vento, secando nos varais; o barulho da água batendo nas paredes que resistem fortes ao tempo; vem logo uma paz... As máscaras simbolizam bem esse 'mistério' de Veneza, e elas estão em todos os lugares da cidade. Entramos no espítrito veneziano, acabamos comprando máscaras bem tradicionais e saímos por lá fazendo fotos. E não é que ficaram ótimas? :) ...Se Firenze tem vocação para a arte, acho que Veneza divide a vocação 'romântica' com Verona... Cidades que inspiram histórias de amor de filmes, novelas, livros... No fundo você sempre pensa que vai voltar ali algum dia com o amor da sua vida, para fazer todas aquelas fotos clichês nas gôndolas, tomar vinho, comer uma boa massa...


E já que falamos de romantismo e
 casais apaixonados...

Uma pausa para homenagear o aniversário de casamento dos meus pais! 34 anos de casados, muito bem lembrados por mim, com uma fotografia que levei para Veneza. Casal bonito, não? Parabéns!!

Luxury Venetian Interiors...


Como isso aqui é um blog de interiores, arquitetura e design, deixo a dica para quem se interessa pelo assunto, em visitar o luxuoso hotel Palazzina Grassi, com interiores assinados por Phillip Starck. Estive por lá conferindo os ambientes em 2010... Os interiores são carregados de simbolismos: espelhos venezianos; lustres de murano; máscaras estampadas em luminárias, móveis e carpetes... Uma mistura de contemporâneo com tradicional (...com um pouco de exagero, devo confessar!) - mas é bem interessante a mistura. Vale a pena passar por lá e conferir... Deixo algumas fotos para vocês.

No alto o bar, com lustres de Murano em formas aquáticas + vista para o canal. Uma das suítes, branca e prata, com um mega espelho veneziano.

Gosto bastante deste canto com a bergère e luminária
com uma máscara típica estilizada preta...

No detalhe, a máscara da luminária.

E para fechar o post com mais novela...
Quem não se lembra quando Helena conheceu o arquiteto Atílio em Veneza!

Atílio, Helena e Maria Eduarda caminhando por Veneza...
Deixo o vídeo para vocês relembrarem...

Grande abraço a todos que passam por aqui... Ciao!
(+fonte fotos | arquivo pessoal + google images)

17.7.12

Novo Lar!

Hi! | E é aí que eu moro... Onde Milão está crescendo para o alto!

Ufa! Terminamos! Não aguentava mais limpar e pintar este apartamento. E não via a hora de ver meu quarto limpo, arrumado, BRANCO, impecável, do jeito que eu gosto. Imaginem um dia inteiro limpando uma simples varanda? Quando digo 'limpando' é ESFREGANDO cada canto com sabão, detergente, usando vaporetto, álcool... Parece que não limpavam este apartamento aqui há uns 5 anos! Verdade. Foi difícil, mas terminamos. Agora temos um APARTAMENTO. E como é boa essa sensação... Chegar em casa, sentir 'cheiros', ter prazer em cozinhar, em descansar, receber os amigos, enfim: viver um espaço. Abro minhas portas para vocês! ...sejam bem-vindos! Venham comigo.

E esse aí é o nosso ilustre vizinho: edifício Pirelli, projeto de Gio Ponti, 1950.

...ô de casa!!

 Hall de entrada: sejam bem-vindos!

O ingresso vocês viram no outro post. Era amarelo, escuro, encardido, feio... O secador de roupas ficava ali, recepcionando quem chegava (!). Agora, tudo branco, claro, clean. A única modificação que fizemos foi pintar a parede curva no fundo de cinza escuro. Uma das minhas araras brancas foi parar ali (...por falta de espaço no quarto e por uma questão funcional também). Chegando em casa é só pendurar o casaco, bolsa, o que for ali. É muito bom chegar em casa e ser recepcionado pelo branco, concordam?

Detalhe da bancada da cozinha... Madeira, azul e branco!

A cozinha deu trabalho... Primeiro que estava imunda. Não bastavam algumas horas de limpeza. Foram precisos DIAS! Sem exageros, juro. A gordura estava entranhada em cada armário. Não queiram saber o estado em que se encontrava a máquina de lavar louças. Fogão?! Vamos pular essa fase (...nem eu quero lembrar!). Depois dos dias de limpeza, chegou a hora de pintar tudo de branco. O resultado é absurdamente agradável. Como falei em um post anterior, compramos novos acessórios para a cozinha em um galpão de móveis e objetos usados. Compramos louças com detalhes em azul marinho - verdadeiros achados! Agora é um prazer sentar e comer neste espaço...

Armários brancos, detalhes em madeira, Alessi em todos os lugares!
Bem-vindos à nossa cozinha! Tão bom ver essas paredes brancas...

Essa luminária vintage já estava na cozinha. Foi só limpá-la pra ela aparecer!

Padronagens diversas de xadrez azul e branco...
Detalhe do prato usado, com listra azul!

A varanda que conecta meu quarto com a cozinha acho que era o cômodo mais triste desta casa. Primeiro pela sujeira; segundo pelo abandono. Tivemos que lavar todas essas janelas com desengordurante e Vaporetto. Descia aquela água negra! Para tentar camuflar esta fórmica verde-hospital (...que escolha de cor infeliz!), a cobrimos com uma esteira de bambu que custou somente 13 euros. Tinta na parede, lâmpada trocada, esteira de bambu - e o lugar ganhou vida novamente. A vista confesso que não é das melhores, mas o importante é estar se sentindo bem dentro de casa - não é verdade?

Guerra é guerra! No detalhe, Tim camuflado com a própria sujeira da varanda! No alto, a imundice (...tenho até vergonha de mostrar aqui!) e na sequência, o ambiente depois de limpo, recebeu a esteira de bambu. Melhor, não?

Meu quarto foi a parte mais tensa da reforma. Foi o último ambiente que deixamos para pintar. E para nossa surpresa, acabou a 'munição': a tinta! Já imaginaram meu suor escorrendo? Tínhamos pouca tinta para cobrir todas aquelas paredes negras de sujeira. Foi tenso, mas graças a Deus conseguimos. O quarto é pequeno, mas com tudo no seu lugar. Cama dupla, minha mesa (...e minha inseparável tralha de design!), um armário de 2 portas, uma arara de roupas e finalmente a luminária da Muuto pendurada no seu lugar! Colocamos um gancho no teto e descemos o pendente próximo da cama. Minimalismo total! De dentro do quarto, vejo minha bicicleta estacionada ali na varanda, encostada na parede de bambu. Gostaram?

No alto, as paredes negras! Na sequência, o quarto devidamente pintado e arrumado. Não ficou bom? Diria que fiz um milagre, gastando o mínimo - basicamente faxina, pintura e arrumação. Ralamos, e valeu a pena!

<...Reparem na esteira de bambu lá fora!>
In and out!

O quarto dentro e fora! Reparem no pendente da Muuto sobre a minha cama.

 Ecco! Olhem o pendente aqui no detalhe...
Ciao Ragazzi... Vou apagá-lo e dormir!

Agora é curtir a casa e relaxar desta maratona. Foram meses procurando um apartamento. Em menos de 2 meses, 2 mudanças. 3 fins de semana arrumando a casa. Posso me jogar na cama e dormir? :) Os próximos meses serão de estudos para as provas finais do meu curso. Trabalho? Não tenho mais. Cansei de ser desrespeitado profissionalmente na Itália. Em agosto, uma viagem a Londres. Aguardo ansiosamente outubro e o outono. Novembro?! ...grandes possibilidades de voltar para o Brasil definitivamente. Parece que meu tempo na Itália está chegando ao fim... Que triste!

Um grande abraço a todos vocês que passam aqui!
(+ fonte fotos | arquivo pessoal)

7.7.12

Estudando na Itália...

Eu, me deliciando com uma pasta no intervalo
dos estudos na casa do amigo italiano Claudio.

Afastado do Politecnico di Milano há quase 2 meses por conta do novo emprego, bateu uma certa nostalgia. Segunda-feira passei o dia inteiro na biblioteca estudando para os exames de julho: um silêncio, uma paz. Todo mundo lendo, escrevendo... Parei para pensar que aproveitei muito pouco essa atmosfera universitária na Itália. Adoraria ter tido mais tempo para me dedicar aos estudos assim. Desde que pisei neste país tive que dividir sempre as preocupações universitárias com emprego e uma forma de fazer surgir Euros na minha vida. Já são quase 2 anos por aqui - 2 anos loucos, de muita correria e certamente muito esforço.

'Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou;
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...'.
Tempo perdido, Legião Urbana.

Fragmentos | Os grandes mestres do design italiano em banners pendurados no saguão do campus de Bovisa. Armários no corredor! Detalhe do poste vermelho do campus de engenharia e a minha inseparável Lamy amarela.

Ainda lembro do primeiro dia em que cheguei ali no Campus de Bovisa. Achei aquilo o máximo! Estudei 6 anos na UFF (Universidade Federal Fluminense) e me acostumei com as instalações do ensino público brasileiro. Chegar no Politecnico di Milano, foi como chegar em Harvard - Wow! Tudo super bem cuidado, impecável em todos os sentidos. Maquetaria? Um sonho. Laboratório de fotografia, biblioteca farta, jardins, jardins e jardins, para se jogar na grama no intervalo e esquecer da vida... Sem contar aqueles armários no corredor para guardar livros! SEMPRE quis estudar num lugar assim, como nos filmes americanos.

 Essa aí é a Gabi, amiga brasileira do curso, segurando
uma das palavras-chave do nosso projeto: fuga!

Largar toda uma vida no Brasil para estudar aqui foi um desafio. Principalmente em relação à língua italiana, que eu dominava muito pouco (...ou quase nada!). Desafio número um: com 2 semanas de Itália, tivemos que apresentar uma pesquisa individual para a turma, lá na frente, com microfone e em italiano, claro! Já imaginaram a dor de barriga? O suor escorrendo, a boca seca, as noites mal dormidas? Deus do céu. Coração a mil! Mas foi... Consegui. E olha que não fiz feio. E assim foi o início do curso, aos trancos e barrancos, o italiano ia saindo... E tinham horas que misturava tudo: inglês, português e italiano. Di tutto un po'!

O símbolo maior de Milano e eu na Bienal de Veneza em 2010.

Sempre me forçei também a falar mais com os italianos do que com os outros estrangeiros. Trabalhos de grupo? Com italianos, sempre. E paralelo aos trabalhos, amizades foram surgindo e de certa forma, convites para eventos fora Politecnico também. Conheci grandes pessoas, super gentis, prestativas e acima de tudo: talentosíssimas. Verdade! Aprendi muito com eles e acredito que aprenderam muito comigo também. Trabalhar em grupo é sempre difícil, em línguas diversas então... Fizemos grandes projetos e nos divertimos muito também. Guardo ótimas lembranças das noites em claro e daquela sensação de 'não vai dar tempo'! Mas sempre dava... :)

Eu, Gabi e os italianos Claudio Devoto e Claudio Calì, em uma fria manhã
 em Santo Ambrogio. Na sequência, registros dos nossos momentos.

 No alto, andando em meio aos destroços do terremoto em L'Aquila.
Abaixo, eu e a italiana Ilenia do meu grupo, fotografando o castello.

Fiquei conhecido no Politecnico como 'il ragazzo brasiliano degli schizzi' (...o cara brasileiro dos desenhos!). Meus humildes desenhos foram muito elogiados por professores e amigos de classe. Que honra! Ficava sempre muito feliz com os elogios. Tive uma fácil aceitação por parte dos italianos - confesso que não são tão receptivos aos estudantes estrangeiros. E falando em italianos, ou melhor, falando em design italiano... Conheci os grandes mestres italianos e aprendi muito com eles. Muita coisa eu trouxe aqui para o blog...

 Croquis e mais croquis: estudando para a prova de materiais.
Adorei estes croquis das obras do Alvar Aalto: guardei tudo!

E entre canecas de café na madrugada...

Muitos croquis e idéias surgindo para o nosso projeto em L'Aquila.
Detalhe do meu caderno, com letra corrida, quase uma psicografia!

<Winter + Spring + Summer + Fall>

Vai me dizer que não lembra 'Barrados no Baile'? :)

Uma das coisas que mais gostava era de ver o espaço da universidade mudando durante as estações do ano. Na primavera, gramados lotados, flores, todos pegando sol, escutando música - parecia um seriado de TV. No verão, tudo absolutamente verde e um sol escaldante! No outono (...estação preferida!), as árvores amarelas, laranjas e aquele friozinho bom, suportável. No inverno, um espetáculo ver tudo branco, coberto de neve. Sem contar a famosa 'névoa milanesa' que no inverno 'desce' por volta das 17h e você não enxerga nada a 2 metros de distância! Lindo e assustador.

No alto, o outono e as árvores, do jeito que eu gosto: amarelas e laranjas!
Abaixo, o campus de Piola + detalhe da primavera florida em Bovisa.

Saudades disso tudo já...
Sempre em frente!

Como eu disse lá em cima, bateu nostalgia. Aproveitei o momento
para mostrar a vocês um pouco da vida universitária na Itália.
Espero que tenham gostado! Grande abraço a todos.

(+ fonte fotos | arquivo pessoal + Nicola Magri)
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